O Produto Interno Bruto (PIB) de Angola registou uma variação real negativa de 1,1% em 2019, segundo estimativas do Governo. O desempenho compara com a contracção de 1,2% do ano anterior, reflexo da baixa produção petrolífera, associada à moderação do crescimento do sector não petrolífero.
Taxa de crescimento real da economia
Estima-se que o consumo se tenha mantido como a principal rubrica na composição do PIB em 2019, facto que terá penalizado o crescimento do PIB, em linha com a redução do poder de compra das famílias, manutenção do aumento dos preços, redução dos níveis de emprego e a manutenção da depreciação cambial na economia. O mesmo desempenho poderá ter sido verificado no consumo público, que se manteve estagnado em função do compromisso de consolidação fiscal. Os investimentos público e privado mantiveram-se atenuados, tendo o investimento público previsto aumentado 42% face ao ano anterior, enquanto o investimento directo estrangeiro voltou a reduzir. Por outro lado, o investimento privado financiado pelo sector bancário aumentou 22% face ao ano anterior.
O Índice de Competitividade Global de 2019 classificou Angola como o 136.º país mais competitivo do mundo, com 38,1 pontos. O desempenho representa uma melhoria de 1,0 p.p. face à classificação anterior, numa avaliação de 141 países.
Mercado monetário
A política monetária manteve o curso restritivo ao longo do ano de 2019. A manutenção da depreciação cambial associada à necessidade de se garantir estabilidade dos preços na economia, justificou o posicionamento da política monetária.
Em 2019, o Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) deu sinais de relaxamento da política monetária restritiva, ao reduzir a taxa de juro de referência de 16,5% para 15,5%, não obstante aumentar, no último trimestre, o coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional de 17% para 22%.
Taxas de Juro (%)
Taxa de Inflação (%)
Níveis de preços
O Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) aumentou 16,9% ao fixar-se em 271,22 pontos. O nível registado representa o menor dos últimos três anos e manteve-se abaixo do nível previsto pelo Governo, de 17,7%, sendo reflexo das condições restritivas da liquidez no mercado, melhor alocação das divisas no mercado cambial e redução dos rendimentos disponíveis das famílias.
Sector bancário
Os indicadores de solidez financeira, disponíveis até Setembro, sugerem um desempenho positivo na solvabilidade das instituições financeiras, com o ROE a situar-se em 6,3% e o rácio de transformação em 43,9%.
Em 2019, o Banco Nacional de Angola realizou a Avaliação da Qualidade dos Activos (AQA) de treze bancos que representam 92,8% do total dos activos, tendo concluído que o sector bancário é globalmente robusto. Durante o mesmo período, os activos do sector bancário fixaram-se em 18.977,81 mil milhões Kz, um aumento de 33,4%, face ao anterior.
Activos dos Bancos Comerciais (%)
Mercado cambial e sector externo
Durante 2019, verificou-se a manutenção do processo de liberalização do mercado cambial, o que contribuiu para a melhoria do acesso à moeda estrangeira e se reflectiu na redução do diferencial cambial observado entre o mercado formal e o paralelo. Destaca-se que o diferencial cambial face ao dólar passou de 150% em 2017 (altura da implementação do novo regime cambial) para cerca de 23% em Dezembro de 2019, uma redução face aos 28,26% registados em 2018.
Importa também ressaltar que, desde 2 de Janeiro de 2020, o BNA adoptou uma medida que poderá contribuir para a eficiência do mercado cambial, ao permitir que os Bancos Comerciais passem a adquirir moeda estrangeira directamente junto das companhias petrolíferas.
Transacções de Títulos no Mercado Secundário (Mil Milhões Kz)
Mercado de capitais
No mercado secundário, registou-se a manutenção da dinamização do mercado, suportada pela confiança dos investidores, assim como por uma maior literacia financeira. O montante transaccionado em 2019 fixou-se em 874,10 mil milhões Kz, que corresponde a um incremento de aproximadamente 11% face ao ano de 2018.
Angola emitiu pela terceira vez, no mercado internacional, Eurobonds no montante de 3 mil milhões USD repartidos em duas tranches, com a procura a superar a oferta, ao atingir cerca de 8,44 mil milhões USD.